JACOB JR, MY JEWISH WORLD. JUDAÍSMO: RELIGIÃO, CULTURA, NAÇÃO - PARTE I
Será o Judaísmo uma religião, uma cultura ou uma nação? Estas são as questões presentes na modernidade e este meu texto tentará, e confesso já, que não alcançarei, explicar estes caminhos como respostas. Contudo, vamos lá.
O Judaísmo historicamente tem sido uma religião da Lei e por isto da Prática. Por definição a religião pertence a uma categoria conceitual sobre a fé ou o acreditar, que por aprofundamento do tema chegaremos no ambiente individual e privado. Este é o ponto de conflito entre a moderna visão da religião e o Judaísmo que semeia muitas tensões sobre o pensamento Judaico como religião, nação ou cultura.
Como veremos, internamente no universo Judaico, existem discordâncias que geraram debates não apenas teológicos e filosóficos, mas também sobre a moderna literatura Yiddish e o nacionalismo Judaico. Ao mesmo tempo, presenciamos a história da invenção da religião Judaica que antecipou muitos debates correntes sobre a natureza da sociedade contemporânea, como a separação da religião do Estado, a visão moderna da tolerância e do pluralismo e questões sobre o lugar da religião em praça pública.
Saarbrucken/Germany |
Mauthausen/Austria |
Konzentrationslager Mauthausen/Austria |
Judaísmo não é religião, e Judeidade não é uma questão de cultura ou nacionalidade. Mas, Judaísmo e Judeidade é tudo isto numa coisa só: religião, cultura e nacionalidade. O quadro básico da organização da vida Judaica na idade medieval e moderna foi a comunidade Judaica, a qual detinha autonomia legal, e esta jurisdição se impunha sobre a população Judia restrita a uma área. Muitas comunidades estavam espalhadas pela Europa, e todas elas dependiam diretamente da permissão existencial de uma autoridade externa em um determinado território, geralmente um nobre ou realeza, que ofereceria proteção à comunidade em troca de taxas e um percentual das funções exercidas. Tradicionalmente na Idade Média, os Judeus exerceram funções como coletores de impostos ou estavam envolvidos em outros ofícios financeiros, desde quando foram banidos das funções como artesãos, fazendeiros, serviço militar ou proprietários de terras.
O caminho traçado pela modernidade, provocou uma série de consequências na aquisição da cidadania legal para os Judeus.
O caminho traçado pela modernidade, provocou uma série de consequências na aquisição da cidadania legal para os Judeus.
Former Jewish City Hall. Praha/Czech Republic |
Enquanto a existência da comunidade Judaica local dependia de poderes externos, a pré-moderna comunidade Judaica detinha uma grande autonomia política. A comunidade Judaica detinha o direito de se auto governar e cada comunidade era guiada por seu código de Leis exercida por um completo sistema jurídico, como representantes legais: defesa, criação de normas de conduta, imposição social e sentenças. Cada comunidade tinha sua própria corte jurídica, como também seu sistema educacional, de saúde, econômico e serviços socais. A comunidade detinha a soberania para a lei e ordem, e tinha o direito de punir os membros de diversas maneiras, incluindo penas administrativas ou sociais, o aprisionamento e até a punição corporal. Registro a minha visita à Prefeitura Judaica em Praha, que merece destaque em virtude da sua beleza arquitetônica e por seu valor histórico.
As comunidades Judaicas geralmente apresentavam uma grande variedade de características particulares entre uma e outra. Já a despeito destas diferenças locais, os Judeus premodernos imaginavam-se como pertencentes a um só povo. O povo de Yisrael (Am Yisrael). Rabinos, Morés e estudiosos se empenhavam em decifrar os desafios da subordinação à existência da Lei Judaica e intermediavam através das comunidades, atividades econômicas e talvez muito mais importante, as ações sociais de ajuda mútua em casos de dificuldades econômicas ou em casos de vítimas de violência externas (pogrom). No campo do nível teológico, os Judeus preservavam a esperança messânica, apesar da dispersão mundial, ainda seriam reunidos na Terra de Israel quando da chegada do Messias.
Bratislava Train Station/Slovaquia |
Para membros da comunidade Judaica que transgrediam a Lei Judaica uma das maiores punições era a excomunhão (cherem) e tal punição não era restrita ao indivíduo, mas se aplicava inclusive à membros de sua família. O excluido não poderia se casar com membros da comunidade, exercer qualquer atividade econômica e nem mesmo ser sepultado em um cemitério Judaico. Este tema nos remete a um episódio histórico que teve como protagonista o Judeu e filósofo Baruch Spinoza (1632-77) que foi excomungado pela comunidade Judaica de Amsterdam em 1656. Spinoza foi condenado como consequencia de suas "declarações e atos diabólicos". Spinoza argumentava que a Lei Judaica não era divina e sim, que fora obra de criação e execução humana, portanto a Lei não tinha algum sentido.
A Lei Judaica é simultaneamente religiosa, política e cultural por natureza.
Budapest/Hungria |
O Judaísmo Ultra-Ortodoxo.
Dentro da história de como o Judaísmo se tornou uma religião e suas consequências, a ultraortodoxia pode ser entendida como um elemento de resistência frente a moderna concepção da existência humana dividida em diferentes esferas: como religião, nacionalismo e cultura e além disto há uma recusa de se discutir a questão se Judaísmo é ou não uma religião.
Liditz/Czech Republic |
Konzentrationslager Terezinstadt/Czech Republic. |
Praha/Czech Republic |
Immanuel Kant (1724-1804) e Freidrich Schleiermacher (1768-1834).
Kant enfatiza a racionalização religiosa esta fundamentada sobre a autonomia do homem e Schleiermacher definia sobre a experiencia e o puro sentimento interno. Mas o que ambos excluiram foi a presença de qualquer noção conceitual sobre uma vida pública. Entretanto, nem Kant ou Schleiermacher negaram que a religião tivesse uma dimensão social, ambos subordinaram a forma comunal de vida religiosa à vida interna individual.
Suggested Readings
Birnbaum, Pierre, and Ira Katznelson, eds. Paths of Emancipation: Jews, States, and Citizenship. Princeton, NJ: Princeton University Press, 1995. The essays in this volume highlight the diversity within modern Jewish history, describing the similarities across, but illuminating the differences between, the processes of Jewish emancipation in various European states.
Katz, Jacob. Tradition and Crisis: Jewish Society at the End of the Middle Ages. Syracuse: Syracuse University Press, 2000. Using Poland, Lithuania, Hungary, and Germany between the sisteenth and eighteenth centuries, Katz describes a set of institutions, pratices, and attitudes that he takes to be typical of Jewish society during this period.
Shalom! Aleichem.
Suporte Cultural: L'Integration d'Association avec Israel et dans le Mond/Cz.
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